Os aumentos anuais do salário mínimo acima da inflação impulsionam a renda do conjunto do mercado de trabalho, especialmente em segmentos como serviços e comércio. O efeito do piso salarial nacional mais forte se alastra e ajuda a explicar o aumento médio de 4% na renda do trabalho, entre janeiro e setembro deste ano, captado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.
Nos nove primeiros meses de 2025, esse aumento de 4% no rendimento médio real habitual dos trabalhadores foi recorde, segundo a Pnad, divulgada nesta sexta-feira (31/10) pelo IBGE. Já na comparação com o trimestre de julho a setembro do ano anterior, alguns aumentos médios de salário superaram essa taxa.
Nesse comparativo, houve aumento em cinco categorias: de 6,5% em agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (o que representou mais R$ 134 nos salários, em média), de 5,5% em construção (ou mais R$ 145), de 4,3% em administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (ou mais R$ 199) e de 6,2% em serviços domésticos (ou mais R$ 79 nos salários, em média).
Um pouco menor, 3,9%, mas ainda acima da inflação, ficou o aumento médio no segmento de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (o que significou R$ 184 a mais nos rendimentos, em média).
O aumento do salário-mínimo tem impacto direto sobre o rendimento médio real, especialmente nos setores formais do comércio e dos serviços, onde muitos trabalhadores recebem valores próximos ao piso do salário-mínimo. O reajuste eleva essas remunerações e produz ‘efeito extravasamento’ sobre faixas salariais ligeiramente superiores”, diz Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.
Desde 2023, os aumentos anuais do salário mínimo foram retomados, após período em que acumulou queda ou estagnação de um ano a outro (veja tabela abaixo).

