A perda e a dor inomináveis devem nos mover para defender uma escola pública segura

É com profunda dor, revolta e indignação que recebemos a trágica notícia do falecimento de uma adolescente brutalmente agredida dentro de uma Escola Municipal, em Belém do São Francisco, sertão de Pernambuco.

A violência que ceifou uma vida cheia de sonhos e futuro, é inaceitável. A escola e a sociedade devem ser espaço de proteção, aprendizado e acolhimento para nossas crianças e adolescentes — nunca um cenário de barbárie e dor.

Mais uma vez, o Sintepe reafirma a necessidade urgente de políticas públicas integradas de prevenção à violência presente na sociedade e que adentra nas escolas.

Os governos precisam cuidar das escolas com políticas e medidas concretas de proteção à infância, adolescência e à juventude, acionando todas as redes de proteção como psicólogos, assistentes sociais e conselheiros tutelares, para dar consequência a problemas identificados pelos professores/as e que não possam ser resolvidos com medidas pedagógicas e educativas no âmbito escolar.

A escola tem o papel de ensinar e construir conhecimento, respeito, princípios de solidariedade, empatia, regras e disciplina na perspectiva da cidadania para o convívio em sociedade. Mas tem feito esse trabalho praticamente sozinha.

A escola tem educado, muitas vezes assumindo o papel de famílias, que desestruturadas, na sua maioria entregues à miséria e à barbarie, não conseguem educar para o respeito, empatia e os limites.

Os profissionais da educação enfrentam sozinhos as violências na sociedade que têm crescido assustadoramente e têm afetado a escola de forma muito intensa.

Nossas crianças e adolescentes são deixados na internet à mercê de grupos que ensinam e os manipulam para agressões, auto mutilações, suicídios e assassinatos e não existe ainda uma real regulamentação e criminalização destas plataformas digitais.

As redes de ensino não são equipadas com políticas de prevenção e cuidados com a saúde mental de nossos estudantes, profissionais da educação e professores/as. Não existem profissionais de apoio escolar concursados e em número suficientes para dar conta da proteção de todos os espaços de uma escola. Não existe um esforço conjunto de toda a sociedade como governos, empresas de plataformas digitais e as famílias, para evitar essas tragédias.

A escola, muitas vezes, tem feito este trabalho de forma solitária, mas sozinha não dará conta e nem é responsabilidade somente da escola garantir a vida e a dignidade das crianças, adolescentes e jovens.

Ou acordamos para a gravidade do problema ou vamos continuar a presenciar tragédia, dor e luto.

Construir uma sociedade sem violências e escolas seguras depende de uma atuação urgente dos poderes públicos em conjunto com as famílias para que nenhuma escola precise chorar pela perda de seus filhos em espaços que deveriam ser de paz, proteção e acolhimento.

O ocorrido não fere apenas uma família, mas toda a comunidade escolar e a sociedade que clama por justiça, segurança e respeito à vida.

Manifestamos nossa mais profunda solidariedade à família e também à comunidade da Escola Municipal, que sofre coletivamente com a dor dessa perda irreparável.

Não aceitaremos o silêncio diante da violência.

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