Sintepe questiona política de EJA por EAD e cobra avanços na política educacional durante reunião na Alepe

O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação de Pernambuco (Sintepe) participou, nesta segunda-feira (10), da Reunião Extraordinária da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). A presidente do sindicato, Ivete Caetano, integrou a mesa e fez duras críticas à política educacional do Governo de Pernambuco.

“Dados do INEP mostram que o estado teve uma queda intensa nas matrículas da rede estadual, chegando a 4,5%, o que representa menos 24.380 estudantes. Os números também indicam que há 54.872 estudantes fora da escola em idade escolar. Isso é grave”, destacou Ivete.

O encontro contou com a presença do secretário de Educação, Gilson Monteiro, convocado para apresentar o Relatório Anual de Indicadores (RAI) — documento que reúne dados sobre o desempenho da rede estadual, como taxas de matrícula, evasão, aprovação e investimentos realizados no último ano.

Durante sua fala, Ivete Caetano cobrou do secretário o cumprimento de melhorias acordadas na Campanha Salarial Educacional de 2025, com destaque para a estrutura das escolas; para a climatização das salas de aula; a disponibilização de vagas para mestrado e doutorado para professores da rede estadual de ensino e a instalação imediata da comissão que vai debater os critérios da progressão na carreira de todos os servidores da Secretaria de Educação.

A dirigente sindical também manifestou posicionamento contrário à proposta do governo estadual de ofertar a Educação de Jovens e Adultos (EJA) na modalidade de Ensino a Distância (EAD). Segundo a proposta aprovada no Conselho Estadual de Educação (com voto contrário do Sintepe), parte das turmas da EJA passaria a funcionar com aulas virtuais, reduzindo a carga presencial dos estudantes sob o argumento de ampliar o acesso e reduzir custos operacionais.

Para o Sintepe, a medida desconsidera a realidade social e pedagógica dos estudantes da EJA — em sua maioria trabalhadores, idosos e pessoas que enfrentaram interrupções no processo de escolarização. Ivete reforçou que a EJA é uma reparação histórica e que o ensino presencial representa também a recuperação da dignidade dos estudantes.

“Quem é professor da EJA sabe que, muitas vezes, os idosos voltam a estudar para ler a Bíblia! Então é um resgate da dignidade humana. O EJA por EAD será um crime contra essa população que historicamente foi excluída da escola”, afirmou.

O Sintepe ressaltou que continuará acompanhando de perto as políticas da Secretaria de Educação, exigindo permanente diálogo com os trabalhadores e a participação efetiva do Sindicato nas decisões que impactam diretamente a rede pública estadual. O secretário Gilson Monteiro não respondeu às perguntas do Sindicato.

Fotos: AgJCMazella/Sintepe

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