Mães de crianças atípicas compartilharam experiências e dilemas durante o 2º encontro promovido pela Secretaria de Saúde de Ouricuri, na manhã desta sexta-feira (22), no auditório da Praça do CEU.
Entre as reflexões que marcaram a roda de conversa, uma frase resumiu a preocupação das participantes: “Se a criança atípica não aprende na terapia, não aprende em casa, aprende-se errado na rua depois”. O sentimento traduz a preocupação das famílias, embora a realidade mostre que cada criança aprende no seu tempo e de formas diferentes, dependendo do apoio que recebe no dia a dia.
Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Desafiador de Oposição (TOD), entre outras condições, também foram debatidos. Para lidar com essas dificuldades, profissionais da Secretaria de Saúde destacaram a importância de se trabalhar os processos de estimulação cognitiva desde a infância.
Com esse objetivo, o psicólogo Wilson Felix explicou como são as terapias infantis praticadas pelos profissionais da Secretaria de Saúde de Ouricuri. Na policlínica Heleno Barreto Alencar, as crianças entram em contato com estímulos sensoriais, brincadeiras com propósitos, desenvolvimento de habilidades motoras finas e grossas. Além da expressão das emoções e criatividade com argila, desenho, pintura e a música.

Para isso, o espaço conta com uma atuação integrada de vários profissionais. Além do psicólogo, há fonoaudiólogo, neuropediatra e terapeuta ocupacional, como é o caso do Dr. Péricles Ulisses. Ele fica responsável pelo desenvolvimento da autonomia das crianças atípicas que têm dificuldade em realizar tarefas simples do dia a dia. Ouricuri está entre as duas cidades da região que oferecem, na rede pública, um profissional nessa área.
Essa oferta chamou a atenção de Cilene Caetano: “É muito difícil em casa (…) agora eu consegui o psicólogo”, contou a mãe, que agora está buscando fazer atendimentos com outros profissionais. Mãe adotiva de Daiane Vitória, de 4 anos, que tem diagnóstico de TEA e TDAH, Cilene acrescentou que aguarda a finalização dos documentos da filha: “Estou esperando os documentos saírem para ela poder ir para a escola e correr atrás de outras coisas.”
Para ajudar Cilene e outras mães em casos semelhantes, Wilson Felix anunciou durante a palestra o lançamento de um livro com 50 atividades psicopedagógicas voltadas para crianças. Com dicas de atividades usando materiais acessíveis e recicláveis, a obra será disponibilizada em breve gratuitamente em PDF, servindo como um apoio prático para brincadeiras lúdicas e educativas em casa.